RESUMO DO LIVRO PEQUENO DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LÍNGUA MORTA
Se você acha que café com leite é só a bebida mais comum do mundo no café da manhã, ou que babado serve apenas para enfeitar a saia, é porque ainda não leu o Pequeno dicionário brasileiro da língua morta, o novo livro do jornalista Alberto Villas que a Globo Livros está lançando. Nele, é possível descobrir que café com leite tinha três significados: uma pessoa meio boba, que não fazia parte de nenhuma rodinha de amigos; o sujeito fácil, assim como o arroz de festa; uma referência à política dos Estados de Minas e São Paulo Minas entrava com o leite, São Paulo, com o café, e os dois estados dividiam o poder político nacional. Babado seria o equivalente da expressão que se fala hoje qual é a boa? Babado tanto podia designar fofoca como novidade. O babado corria de boca em boca, cada um dando sua opinião, se espantando ou criticando. Não tinha babado que passasse em branco, diz Villas no livro.
E por que o jornalista garimpou tantas palavras que caíram em desuso? Para mostrar como a língua portuguesa tem um rico vocabulário e sofre mutações ininterruptamente? Talvez. Essa é uma possibilidade. Mas, para Max Gehringer, que assina uma das orelhas do livro, o que o Villas fez foi garimpar palavras por puro deleite, como quem encontra um empoeirado disco de vinil da Jovem Guarda (Meu Broto, com Teddy Milton) e aí embarca numa nostálgica viagem no tempo.
Durante essa viagem, Villas foi escarafunchando seu baú de memórias e desencavou palavras divertidas, como xumbrega. Diz a lenda que essa palavra tem origem lá por volta de 1600, quando o aventureiro alemão Friedrich Hermann Schönberg, que comandava as tropas de Portugal contra a Espanha, se deu mal. Schönberg acabou virando xumbrega. E xumbrega quer dizer uma coisa ruim, feia, mal-acabada.
O abecedário formulado por Villas traz algumas milongas (mexericos), mas nada que faça corar sirigaitas (mulheres ousadas, atrevidas) ou mancebos (rapaz novo, que hoje seria o correspondente a gato). Pode ser que fãs do cantor Fagner fiquem chateados ao saber que o autor do livro acha a voz dele igual à de taquara rachada: É só ouvir o primeiro disco dele Manera Fru Fru Manera ou o segundo, Ave Noturna. Não que o autor de Mucuripe tenha uma voz irritante, mas é muito particular, de taquara rachada. Mas, para livrar um pouco a barra dele, Villas complementa: A Desciclopédia tem uma lista enorme de pessoas com voz de taquara rachada. De Tiririca a Xuxa, passando por Sandy Leah, a Sandy do Júnior.
Exemplos de palavras hilárias pululam no livro. Como manota, aquele fora que, por mais que se queira, não há como remediar: você chega para uma mulher, olha a barriguinha dela e pergunta: É pra quando?. E ouve a resposta: Não estou grávida!. Que mancada! Ou que quiproquó! Se você tem vontade de engrossar seu vocabulário, e quer fazer bonito com os seus amigos, pode adotar daqui para frente fuzarca, víspora, palangana. Esse é o melhor jeito de lavar a égua.
O autor
Alberto Villas nasceu em Belo Horizonte em 1950. Jornalista e escritor, em 2006 lançou o seu primeiro livro, O mundo acabou! que ficou várias semanas nas listas dos mais vendidos. Em seguida lançou Afinal, o que viemos fazer em Paris?, Admirável mundo velho! e Onde foi parar nosso tempo?, todos pela Globo Livros.
Autor: Alberto Villas
Editora: Globo
ISBN: 9788525051349
Formato: 16 cm x 23 cm
Número de Páginas: 304
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