RESUMO DO LIVRO PETE TOWSHEND - A AUTOBIOGRAFIA
A banda The Who era uma das maiores promessas do rock inglês em 1967, quando Pete Towshend, seu guitarrista e principal compositor, decidiu pinçar uma entre as diversas cartas de fãs que recebia com um propósito insólito: aquela correspondência permaneceria fechada e só seria lida muitos anos depois, no momento em que ele fosse escrever a história de sua vida. A mensagem congelada no tempo, raciocinou Pete, poderia lhe dar uma perspectiva sobre sua carreira ao abrir o envelope no futuro, já na condição de consagrado ícone do rock. A presunção juvenil do roqueiro tornou-se fato 45 anos depois. Um dos destaques de Pete Towshend a autobiografia é justamente o teor da carta mantida inviolada pelo músico por todo esse tempo, período no qual o The Who se transformou numa lenda do rock em grande parte devido à prolífica mente criativa de Towshend, o idealizador das ambiciosas óperas-rock Tommy e Quadrophenia.
Filho de músicos e porta-voz da geração nascida no pós-guerra que revolucionou os costumes nos anos 1960, Towshend faz um corajoso mergulho em suas memórias, trazendo à tona episódios de infância que se alternam entre as turnês em que acompanhava o pai clarinetista e as reminiscências borradas de abusos que teria sofrido quando viveu com a avó materna. O trauma decorrente dessa violência é evocado pelo autor inclusive naquele que talvez tenha sido o momento mais atribulado de sua vida: sua prisão em 2003 pela polícia britânica, sob a acusação de ter acessado um site de pornografia infantil na internet. Townshend admite que o fez não por ser pedófilo, mas como pesquisa sobre abuso infantil, tema para o qual sempre foi sensível, graças à própria história de vida.
O livro recapitula com detalhes toda a gestação de um grupo mítico dos ensaios iniciais com o amigo de infância e baixista John Entwistle ao primeiro contato com o vocalista Roger Daltrey, dos shows na banda The Detours à admissão do incontrolável Keith Moon como baterista da formação clássica do The Who. Townshend também descreve seu processo criativo e não hesita em dar crédito aos músicos que mais o influenciaram, como os Beatles. O contato com outros artistas é uma constante: pela vida do autor desfilam colegas de trabalho (e nomes capitais da música) como Paul McCartney, George Harrison, Eric Clapton, Mick Jagger, Jimi Hendrix, David Bowie e Elton John, entre muitos outros.
Personagem dos anos loucos regados a sexo, drogas e rock 'n' roll, Towshend conta sobre os bastidores do show business com despudor. Fala das dificuldades de manter um casamento quando se é rockstar, do desejo permanente de abandonar o The Who, das farras durante as turnês, das brigas por causa de dinheiro, do conflito entre arte e negócios, do consumo abusivo de álcool e cocaína, das dolorosas perdas de Moon e Entwistle, do amadurecimento da amizade com Daltrey, do prazer renovado de fazer (muito) barulho sobre o palco.
A obra passa longe da trama clichê de ascensão, queda e redenção de um astro. Autoconsciente e crítico arguto de si mesmo, Townshend consegue refletir sobre sua história e seu trabalho com surpreendente isenção, reconhecendo tropeços e erros e, sem falsa modéstia, identificando a profunda importância de sua obra com o Who no panorama do rock e da cultura popular nas últimas décadas.
Nas palavras do próprio Pete, este livro não é, para mim, uma vaidade, É um rito de passagem essencial. O rocknroll é uma carreira difícil, por mais cinicamente ou comicamente que seus detratores tentem retratá-la. Tenho sorte de estar vivo e de ter uma história tão louca para contar, cheia de aventuras e maquinações criativas. Estou feliz que eu seja capaz de escrever eu mesmo o meu livro, na minha própria voz, que muitos dos leitores conhecerão pela primeira vez.
Autor: Pete Towshend
Editora: Globo
ISBN: 9788525053565
Formato: 16 x 23 cm
Número de Páginas: 488
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