VIDA DE ESCRITOR


Resumo do livro VIDA DE ESCRITOR

Gay Talese, um dos mais conceituados jornalistas norte-americanos - autor de o reino e o poder (uma história do New York times) e A mulher do próximo (a crônica da liberação sexual americana nos anos 60) -, investiga agora o seu próprio trabalho

Esta não é uma autobiografia convencional. É um livro sobre o ofí­cio da escrita, e os reveses que acometem aos que por ele se aventuram. Entre as agruras para encontrar uma boa história é que Talese nos deixa divisar sua vida e, especialmente, sua carreira.
Os dramas começam no jornalzinho da faculdade (de baixa reputação) que cursou no Alabama. Prosseguem nos dez anos que trabalhou como repórter do New York Times, no qual entregava suas matérias na undécima hora, e sempre reclamava das alterações e cortes feitos por redatores. E se tornam mais complexos nas revistas com as quais passou a colaborar.
Uma delas foi a prestigiadí­ssima New Yorker. Talese conta como passou meses apurando a história de Lorena Bobbit, que, num surto de fúria, cortou com uma faca de cozinha o pênis do marido. Ele se esfalfou para reconstituir a noite da agressão e tentou entrevistar todos os envolvidos no episódio. Enfurnou-se então num quarto e escreveu uma longuí­ssima reportagem, enviou-a à revista e, já de manhã, extenuado, foi dormir. Acordou à tarde com um fax na porta: a diretora da revista recusava a reportagem, e sugeria que Talese fizesse um pequeno livro sobre o crime. O escritor bem que tentou, mas tal livro não passou de um arremedo.
Vida de Escritor começa e termina com uma história de derrota ainda mais doí­da. Durante alguns anos Talese viajou ao redor do mundo atrás de Liu Ying, uma atacante da seleção chinesa de futebol. Na final da Copa do Mundo de 1999, disputada entre os Estados Unidos e a China, ela perdeu o pênalti decisivo, que daria a vitória a seu paí­s. O drama da jovem espelha a frustração do autor, que não consegue fazer nem sequer uma reportagem sobre Liu Ying.
Septuagenário, Gay Talese poderia ter feito um livro de memórias complacente. É sem nenhuma condescendência consigo mesmo - mas também sem se comprazer no sofrimento -, no entanto, que ele demonstra como o fracasso é inerente à profissão. Ao construir Vida de Escritor em torno de personagens anônimos ou menores, o autor na prática se solidariza com eles. E dá uma lição que só a experiência e a sabedoria propiciam: mesmo na autobiografia de um jornalista, o que importa são os outros.

Autor: Gay Talese


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