'No ano que completei noventa anos, quis presentear-me com uma noite de amor louco com uma adolescente virgem'. E é assim, sem rodeios, que Gabriel García Márquez nos apresenta a história deste velho jornalista que escolhe a luxúria para provar a si mesmo, e ao mundo, que está vivo. Primeira obra de ficção do autor colombiano em dez anos, 'Memória de Minhas Putas Tristes' desfia as lembranças de vida desse inesquecível e solitário personagem em mais um vigoroso livro de Gabriel García Márquez. O leitor irá acompanhar as aventuras sexuais deste senhor, narrador dessas memórias, que vai viver cerca de cem anos de solidão embotado e embrutecido, escrevendo crônicas e resenhas maçantes para um jornal provinciano, dando aulas de gramática para alunos tão sem horizontes quanto ele, e, acima de tudo, perambulando de bordel em bordel, dormindo com mulheres descartáveis, até chegar, enfim, a esta inesperada e surpreendente história de amor.
Gabriel García Márquez
Opinião do Leitor: daniel suarez / Data: 23/3/2008 Conceito do leitor: Majestoso Nívea Rodrigues Queiroz / Data: 8/3/2008 Conceito do leitor: Contrario do Titulo Hélcio Fernando Lenz / Data: 24/1/2008 Conceito do leitor: Boa leitura Veja mais |
Saiu na Imprensa: Correio da Bahia / Data: 30/7/2005 O amor nos tempos do ocaso García Márquez reflete sobre os labirintos da velhice em `Memória de minhas putas tristes´ Paulo Sales Gabriel García Márquez interrompe um hiato de 11 anos sem lançar obra de ficção: `Memória de minhas putas tristes´ constrói uma parábola sobre o prazer de sobreviver a si mesmo. Ao menos dois romances de Gabriel García Márquez - Cem anos de solidão e O amor nos tempos do cólera - merecem figurar numa lista das obras fundamentais do século XX. E pelo menos três contos do escritor colombiano - O afogado mais bonito do mundo, Um senhor muito velho com umas asas enormes e O rastro do teu sangue na neve - não poderiam ser excluídos de uma antologia que se propusesse a abrigar a quintessência da narrativa curta do mesmo período. É esse homem, hoje com 77 anos e Prêmio Nobel de Literatura em 1982, que acaba de ter publicado no Brasil seu novo romance, Memória de minhas putas tristes. Com ele, Márquez interrompeu um hiato de 11 anos sem lançar uma obra de ficção. O último havia sido Do amor e outros demônios, seu livro mais fraco. Em seguida vieram Notícia de um seqüestro (1996), obra na qual recuperou sua veia jornalística, e Viver para contar (2003), primeiro volume de sua autobiografia. Como a maioria dos livros de Márquez, Memória de minhas putas tristes tornou-se best-seller mundial logo após seu lançamento em língua espanhola, no final do ano passado. Aqui, em apenas três semanas, o livro já ocupa os primeiros lugares das listas de mais vendidos. É um caso raro em que qualidade e sucesso editorial caminham lado a lado. Márquez é adorado por públicos de diferentes estratos culturais, talvez por sua capacidade de tratar de temas abismais - solidão, amores contrariados, desequilíbrios sociais - como um avô conta histórias de fadas para o neto. Ao contrário de alguns grandes escritores contemporâneos, o colombiano construiu ao longo dos anos uma literatura acessível, mas nem por isso menos sofisticada. Memória de minhas putas tristes é um livro menor. Não possui a exuberância narrativa de seus principais romances, nem acrescenta novos elementos ao universo de realismo mágico cultivado por ele ao longo das últimas quatro décadas. Novela curta (apenas 128 páginas), a obra é inspirada livremente no livro A casa das belas adormecidas, do japonês Yasunari Kawabata, que já serviu de base para outro texto do escritor: o conto O avião da bela adormecida, um dos mais pungentes da antologia Doze contos peregrinos. A narrativa acompanha as reminiscências de um homem irremediavelmente solitário que, no aniversário de seus 90 anos, decide se dar de presente uma noite de amor com uma virgem. Jornalista ordinário, crítico de música de estilo antiquado e amante da atmosfera mundana dos prostíbulos, o personagem se insere no panteão de tipos sorumbáticos que habitam diversos romances de Márquez, sendo o principal deles Florentino Ariza, de O amor nos tempos do cólera, romance com o qual Memória de minhas putas tristes dialoga constantemente. Ambos empreendem um olhar delicado e afetivo sobre os labirintos da velhice. É quando o sexo se torna muitas vezes um fardo, e mesmo assim merece ser desfrutado. Quando a vida é feita de lembranças e se despe de sonhos. Após entrar em contato com uma velha cafetina, Rosa Cabarcas, o velho consegue sua virgem. Mas a relação entre ambos é apenas de contemplação. A garota, nua, embrenha-se no breu do sono, e ele vela seus sonhos e pesadelos no recesso da alcova. São noites e noites observando os pés, o colo, os seios de adolescente de Degaldina. Até que, pela primeira vez em nove décadas de uma existência oca, apaixona-se inapelavelmente. Através dessa história singela e por vezes melancólica, Márquez faz uma ode ao ocaso. Um trecho, já ao final do livro, é particularmente tocante: "Não resisti mais. Ela sentiu, viu meus olhos úmidos de lágrimas, e só então deve ter descoberto que eu já não era o que fui e sustentei seu olhar com uma coragem da qual nunca me achei capaz. É que estou ficando velho, disse a ela. Já ficamos, suspirou ela. Acontece que a gente não sente por dentro, mas de fora todo mundo vê". Impossível não vislumbrar, nos devaneios do nonagenário, pensamentos do próprio García Márquez, já às voltas com a proximidade da extinção. Memória de minhas putas tristes poderia ser comparado a O velho e o mar, de Ernest Hemingway. Ambos são novelas escritas na maturidade, curtas e repletas de simbolismos. Não se ombreiam às obras-primas de seus respectivos autores, e de certa forma refletem suas obsessões. A luta do pescador Santiago contra o marlim gigante era uma metáfora da batalha - inglória e inútil - travada pelo próprio Hemingway contra a decadência física e a inspiração que se esvaía. A obra de Márquez também medita sobre a derrocada do corpo, mas, ao contrário de Hemingway, o colombiano constrói uma parábola essencialmente otimista sobre o prazer de sobreviver a si mesmo. Como afirma, no parágrafo final, o velho jornalista: "Era enfim a vida real, com meu coração a salvo, e condenado a morrer de bom amor na agonia feliz de qualquer dia depois dos meus cem anos". Veja mais |
Sobre o autor: GARCIA MARQUEZ, GABRIEL |
Um comentário:
um livro com um titulo ousado . mas atraves de sua leitura percebe-se que o livro nao supre as expectativas dos leitores.
Postar um comentário